RSS

Seca é o desafio apontado por prefeitos doos Inahamuns


Gestão

Além da saúde, educação, gestores dos municípios do semiárido cearense querem combater a seca

Crateús. O clima semiárido, caracterizado pelas baixas precipitações pluviométricas, que ocasiona longos e difíceis períodos de estiagem, especialmente nessa região do Estado, é um dos maiores - senão o maior - desafio das gestões municipais. Grande parte dos municípios dos Sertões de Crateús e Inhamuns estão localizados na área mais árida do Ceará. E a lembrança próxima do difícil ano de 2012 é o que está mais latente na memória dos gestores. E isso é nominado por eles como a raiz dos desafios que serão enfrentados nos próximos quatro anos.

A Seca é um grande problema na região para os próximos prefeitos FOTO: SILVANIA CLAUDINO

Nos discursos de posse, a quase unanimidade dos gestores citou a instabilidade climática como o grande desafio. A ausência de chuvas provoca insegurança nesses municípios cuja vocação maior é a agricultura e pecuária. A falta de água, a baixa reserva hídrica dos reservatórios ocasiona baixa produção no campo com grandiosos reflexos negativos na economia.

Para o prefeito de Quiterianópolis, a falta de água é o grande problema a ser enfrentado por ele e equipe. A população, composta por 19 mil habitantes, sofre desde o início do ano com a falta de água. O reservatório Colina está sem reserva hídrica há vários meses e muitas pessoas estão adquirindo água nos carros-pipas que transportam água do município de Novo Oriente e de Assunção, no vizinho Estado do Piauí.

A solução, segundo o novo gestor, José Barreto Couto Neto, natural de Jardim, com atuação como médico no município, é a construção de um novo reservatório, adequado às necessidades local. "O grande problema hoje em Quiterianópolis é a falta de água. O município necessita com urgência da construção de um reservatório e essa será a nossa maior luta", destaca ele.

Ramiro Júnior, que assumiu o comando de Tamboril, também destacou em seu primeiro pronunciamento as dificuldades com a estiagem. O tema foi elencado em primeiro plano, na sua fala como gestor. "A seca que assola o Nordeste é um grande desafio, por acarretar falta de água e escassez de alimentos".

Nos dois maiores municípios desta região, Crateús e Tauá, a seca também é a grande preocupação. O prefeito Carlos Felipe lamentou as dificuldades do ano de 2012 provocadas pela falta de inverno. Pediu, inclusive, à população oração por um bom inverno neste ano. Patrícia Aguiar aposta em um venturoso inverno. A seca é responsável também, segundo a análise dos gestores, pela baixa densidade demográfica na região. Dos dez municípios cearenses com menor número de habitante por quilômetro quadrado, conforme dados do Ipece, cinco estão nessa região. Um deles é Independência, com 7,95 hab/km2. Aiuaba, Arneiroz, Poranga e Catunda também compõem a lista.

Para o prefeito municipal, Luiz Valterlin, a seca acarreta o êxodo rural e diminui cada vez mais a população. "Assim temos problemas com a diminuição de recursos e a solução seria a geração de empregos na cidade, que é uma das nossas metas para fixar a população aqui", analisa.

Recursos
A queda nas receitas dos municípios cearenses é apontada como desafio pelos novos gestores. 2012 foi o pior ano no crescimento dos repasses do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). O Fundo atende toda a educação básica, da creche ao ensino médio, financiando todas as etapas da educação básica e proporciona a reserva de recursos para os programas direcionados a jovens e adultos, especialmente na valorização do magistério, transporte e merenda escolar.

No Ceará, esse baixo desempenho representou numa queda de receitas superior a R$ 220 milhões, penalizando ainda mais as Prefeituras que tiveram diminuídos os repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Nesse contexto, o prefeito de Crateús, Carlos Felipe, começa o seu segundo mandato tendo como maior ação a austeridade, com vistas a equilibrar as finanças. "Os problemas em todos os municípios são muito grandes, pois têm muitas responsabilidades que ficam a cargo dos municípios e as receitas são poucas para tantas necessidades. Defendo uma relação de cooperação com o Estado".

Ramiro Júnior, prefeito de Tamboril, que ficou nessa lista também destacou as dificuldades de gerir o Município com as leis de economia no país.

Saúde
Atender à população de forma resolutiva na área da saúde é outro grande desafio para os novos gestores. Em Quiterianópolis a precariedade do sistema local é a mais evidente na região, dado o histórico baixo número de médicos (0,35 por mil habitantes). Junto com Ipueiras - também nessa região - está entre as dez cidades cearenses com menos profissionais da medicina. Segundo o novo gestor, José Barreto Couto Neto, que é médico, a baixa remuneração e a precariedade do sistema explicam a falta de médicos. Garante que por isso mesmo a saúde será prioridade na sua gestão.

"Por ser médico vejo essa situação como prioridade. Aqui há precariedade nesta área. A unidade de saúde é precária, não há como fazer exames, não faz partos, tudo é transferido para Crateús. E essa precariedade também dificulta a vinda de médicos. Creio que melhorando a saúde e pagando melhor atrairemos profissionais".

SILVANIA CLAUDINOREPÓRTER

Governantes priorizam saúde
Russas. O início de uma nova gestão tem como primeiro momento de reestruturação do poder público para a realização de um novo trabalho. Nos casos dos municípios que estão sendo governados a partir desde ano pela oposição, arrumar a casa é um desafio. Neste município a falta de estrutura das secretarias preocupa o novo gestor no começo do mandato.

Emergência no posto Mauro Henrique Cardoso, em Limoeiro do Norte. O prefeito eleito, Paulo Duarte, afirmou que, de imediato, vai fazer aquisição de seis novas ambulâncias e contratar médicos FOTO: ELLEN FREITAS

"Não nos deixaram condições de trabalhar", afirma o recém-empossado prefeito Weber Araújo. Em uma primeira visita a algumas secretarias, ele reclama da falta de estrutura física para iniciar os trabalhos. Em seus discursos, Weber colocou como primeira ação realizar um mutirão de limpeza pública na cidade, porém, a falta de instrumentos para realização do trabalho ainda não permitiu que a ação fosse realizada com rapidez.

Weber assume pela terceira vez o maior cargo público municipal, e tem como perspectiva dar continuidade ao trabalho que o destacou como gestor em seus dois mandatos anteriores. Obras de infraestrutura que modernizaram e transformaram a paisagem da pacata cidade foram o marco dos governos de 1997/2000 e 2001/2004. O prefeito mantém o compromisso de realizar em sua nova gestão a continuidade de obras inacabadas e buscar novos projetos.

"Ainda neste ano pretendemos concluir a segunda etapa de duplicação da Avenida Benjamin Constant, dar início às obras do novo mercado público e a segunda das três etapas do projeto de perenização do Riacho Araibú", afirma.

Para tanto, ele está otimista com as ações do Governo do Estado para liberar os recursos necessários à realização dos projetos. Sobre saúde pública e educação, o prefeito afirmou que estes irão funcionar bem, valendo-se de que os setores possuem recursos que são repassados mensalmente, facilitando a gestão das secretarias. "Não há mistério, a princípio, o que precisa ser feito é contratar médicos para atuarem nas 15 unidades de saúde do município e equipar os postos com medicamentos, já estamos em contato com médicos para suprir a carência neste momento. A principal reclamação que recebemos da população é justamente a falta de médicos", explica.

O hospital regional do município abrigará, nos próximos anos, uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), que atenderá pacientes das regionais de Russas, Limoeiro e Aracati. Para tanto, o setor municipal de saúde precisará trabalhar plenamente para que o setor de emergências funcione adequadamente.

O novo gestor assume o município em um momento promissor. O funcionamento da segunda etapa do Perímetro Irrigado Tabuleiro de Russas, colocará a cidade em um dos setores de exportação mais importantes do estado. O campus avançado da Universidade Federal do Ceará (UFC) abrigará estudantes de várias partes do estado. Para ele, o grande desafio no momento é organizar a máquina e estruturar as secretarias para que os trabalhos possam ser iniciados.

Em Limoeiro do Norte o momento também é de reestruturação. O novo prefeito, Paulo Duarte, está realizando auditorias para averiguar qual a situação do município para iniciar sua gestão.

Inadimplência
Ele falou que a primeira dificuldade será receber os recursos do Governo Federal, pois, segundo ele, a Prefeitura possui inadimplências com prestação de contas para os governos estadual e federal. "Nós temos inadimplência com a Funasa, com o Ministério das Cidades, com a Secretaria das Cidades, com o Dnocs, com a Caixa Econômica federal e com a Secretaria de Saúde do Estado do Ceará", afirmou em discurso. Afirmou que acionará a justiça para transferir a responsabilidade para a gestão anterior e, assim, a Prefeitura possa receber os recursos.

Paulo Duarte enfatizou seu compromisso de campanha de trabalhar para as populações mais carentes do município, priorizando saúde que, segundo ele, é a área mais deficiente. "Precisamos implantar no município atendimentos que geralmente são encaminhados para Fortaleza, como traumas e cirurgias eletivas que estão sem ser realizadas". De imediato, afirmou a aquisição de seis novas ambulâncias para atender as comunidades mais distantes e a contratação de médicos. Para ele, está havendo um esforço para oferecer atendimento no hospital municipal, devido ao número reduzido de médicos no município.

ELLEN FREITASCOLABORADORA

  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS