Garrafas e latinhas de bebidas devem ter fotos de
acidentes
acidentes
Indústrias e comerciantes de bebidas
alcoólicas avaliam como vão se adaptar à lei municipal nº 9374,
sancionada em Goiânia no início deste mês. A legislação determina a
exibição, nos rótulos das bebidas, de imagens de acidentes de trânsito
envolvendo motoristas embriagados, à semelhança do que já ocorre nas
embalagens de tabaco. O objetivo é conscientizar os consumidores das
bebidas sobre o risco de misturar álcool e direção.
Além das fotos, é obrigatória a
impressão nas garrafas e latinhas das bebidas da frase “Se beber, não
dirija” e a indicação de dados estatísticos sobre mortes e lesões graves
sofridas no trânsito. Indústrias e comerciantes têm 90 dias para se
adequar à norma, prazo que começou no último dia 2, quando a lei foi
sancionada. Caso contrário, pagarão multa de R$ 3 mil, que pode ser
dobrada em caso de reincidência.
Procuradas pelo G1, as indústrias evitam
falar sobre o assunto. A Associação Brasileira da Indústria da Cerveja
(CervBrasil) e a Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe) afirmam que
estão analisando a lei. Por nota, a Companhia de Bebidas das Américas
(Ambev) diz “não estar comentando o assunto”.
Já a Associação Brasileira de Bares e
Restaurantes (Abrasel) em Goiás aguarda parecer da Abrasel Nacional para
alinhar seu posicionamento. A Associação Goiana de Supermercados (Agos)
não informou, até a publicação desta reportagem, como a entidade
pretende se adaptar à lei.
Conscientização
A autora do projeto Cida Garcêz acredita
no impacto positivo que a exibição dessas imagens possa ter na redução
dos números de acidentes de trânsito. “Quando a pessoa vê uma imagem
pesada daquela, ela terá consciência de que aquilo é perigoso e pode
trazer consequências graves. Essa conscientização vem com o rótulo”,
defende.
A vereadora, contudo, reconhece que não
se ateve às possíveis dificuldades que as indústrias e comerciantes de
bebidas teriam para se adequar à lei, como alterações no processo de
produção. Ela alega não ter procurado as indústrias porque sabia que não
teriam aprovado. Segundo Cida, durante todo o período de tramitação do
projeto, apresentado na Câmara de Goiânia em 2008, os produtores e
comerciantes não se manifestaram. “Acredito que quem cala consente”,
opina.
Segundo dados da Delegacia Especializada
em Investigações de Crimes de Trânsito em Goiânia (Dict), em 2013, a
capital registrou pelo menos 3.170 acidentes com vítimas, sendo 322
mortes. Três inquéritos foram abertos na delegacia para apurar
homicídios no trânsito, quando foi comprovado que motoristas embriagados
foram responsáveis por acidentes com morte.
Porém, segundo a delegada adjunta da
Dict, Caroline Paim Diaz, esses dados não englobam o total de acidentes
com mortes envolvendo motoristas embriagados. “Mais de 70% de acidentes
com morte e lesões são com motociclistas e, na maioria das vezes, ele
está embriagado. Mas, como eles morrem, não temos como fazer o bafômetro
e o laudo que comprova a embriaguez às vezes não chega. Esses casos
acabam ficando fora da estatística”, afirma.
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Fonte: G1