Ao ser questionado se o Brasil está
preparado para ter um presidente da República negro, Joaquim Barbosa foi
enfático: “Não. Porque acho que ainda há bolsões de intolerância muito
fortes e não declarados no Brasil. No momento em que um candidato negro
se apresente, esses bolsões se insurgirão de maneira violenta contra
esse candidato. Já há sinais disso na mídia. As investidas da Folha de
S.Paulo contra mim já são um sinal”, disse. Ele também comentou que o
referido jornal expôs seu filho numa entrevista de emprego, além de uma
“violação brutal de sua privacidade” ao expor a compra de um imóvel nos
Estados Unidos. “Tirei dinheiro da minha conta bancária, enviei o
dinheiro por meios legais, previstos na legislação, declarei a compra no
Imposto de Renda. Não vejo a mesma exposição da vida privada de pessoas
altamente suspeitas da prática de crime”.
Sobre sua exposição na mídia, Joaquim
Barbosa dá a entender que sofre certa perseguição. “Há milhares de
pessoas públicas no Brasil. No entanto os jornais não saem por aí
expondo a vida privada dessas pessoas públicas. Pegue os últimos dez
presidentes do Supremo Tribunal Federal e compare. É um erro achar que
um jornal pode tudo. Os jornais e jornalistas têm limites. São esses
limites que vêm sendo ultrapassados por força desse temor de que eu
eventualmente me torne candidato”.
Para o presidente do STF, o Estado gasta
muito mal seus recursos. “Quem conhece a máquina pública brasileira,
sabe que há inúmeros setores que podem ser racionalizados, podem ser
diminuídos”.
Ao ser questionado sobre detalhes do
processo conhecido como mensalão, Barbosa disse estar impedido de falar.
“Estou impedido de falar. Nos últimos meses, venho sendo objeto de
ataques também por parte de uma mídia subterrânea, inclusive blogs
anônimos. Só faço um alerta: a Constituição brasileira proíbe o
anonimato, eu teria meios de, no momento devido, através do Judiciário,
identificar quem são essas pessoas e quem as financia. Eu me permito o
direito de aguardar o momento oportuno para desmascarar esses bandidos”.
Fonte: O Globo